31 de agosto
de 2016. Foi um dia de comemoração para uns e de luto para outros... De alegria
para os que, depois de uma longa gestação, puderam ver hoje o nascimento de um
projeto que começou a ser tecido pós-eleição de 2014. Projeto que chegou ao seu
ponto alto com os o voto de 61 senadores que disseram sim ao impeachment.
Foi também
um dia sombrio para os que tentaram, a todo custo, provar que o cenário
político que se desenhava no país era reflexo de uma trama ardilosa e robusta.
Esses estão de luto. Morreu para eles a derradeira esperança de salvar a
combalida democracia e o mandato de uma Presidente eleita por 54 milhões de
brasileiros.
Para uns, golpe de mestre... No sentido clássico. Jogada bem planejada e executada com
louvor. Para outros, golpe baixo... Eivado de vícios, de pecados e tirania. Dos
dois lados, soldados dispostos a lutar uma guerra-fria e declarada. Venceu quem
teve maior artilharia. Venceu quem soube atacar. Perdeu quem apenas procurou se
defender.
O Brasil
inteiro se dividiu, escolheu lados, bateu no peito e foi à batalha. Mas os
soldados das ruas pouco determinavam as decisões do quartel general em
Brasília. Lá a guerra não era ideológica. Lá a guerra não era de espadas. Lá a
guerra era de cargos, poder, dinheiro, vaidades.
O
impedimento de Dilma Rousseff foi político. O mandato não foi cassado por causa
de pedaladas ou decretos de créditos suplementares. Não foi a manobra contábil
que tirou Dilma da presidência. Foi o desejo de opositores e até de aliados de
chegar ao poder sem a legitimidade do voto. Alegaram que a conjuntura ou a soma
dos fatores – desemprego, falta de governabilidade, crise econômica – era o
bastante. Não seria. Mas foi. Não deveria.
A impopularidade
de Dilma, a falta de manejo com o legislativo fizeram a mulher que mais longe
chegou no Brasil à frente de um cargo no executivo tombar. Dessa vez, por
decisão sumária, senadores da inquisição, condenaram-na em meio a um processo
cheio de distorções.
Temer foi à reunião das economias mais fortes do mundo, o G20, na China, agora como presidente de
fato. O preço dessa vitória vai chegar com juros e correção para o novo chefe
do poder executivo brasileiro. Cargos foram barganhados e aliados vão cobrar. Aliás,
já começaram. O PSDB quer pôr um fim às bondades do agora ex-interino. O campo
é minado. Deve vir mais instabilidade por aí. O mercado, desconfiado, deve
reagir negativamente... Isso significa que há problemas em curso que podem
tomar proporções ainda maiores e piores.
O outro
custo de tudo isso é que a decisão de cassar o mandato de Dilma mas manter seus
direitos políticos pode abrir precedentes perigosos. Quem não lembra de Eduardo
Cunha? Com mandato suspenso, ele trabalha – com ajuda de Temer – para se manter
no cargo e não perder seus direitos políticos. Não duvido que consiga. Cunha
não está morto.
Dilma
Rousseff ainda pode disputar as eleições de 2018. Não creio que queira. A presidência
foi o primeiro cargo eletivo dela e, provavelmente, o último. Até 2018, porém,
ainda há trabalho a ser feito. Quem derrubou Dilma tem novo alvo: o nome dele é
Lula. Pode apostar!
Análise serena!
ResponderExcluirGrata pela visita e participação.
ExcluirGrande abraço.