sexta-feira, 23 de junho de 2017

Temer, André Amaral e a cultura do descaso




Falta capacidade técnica, sobra (des)arranjo político. André Amaral, deputado federal pelo PMDB, pode ser o novo ministro da cultura. É naquele modelo: só tem tu, vai tu mesmo. O jovem de 26 anos é a aposta de Temer que, vamos combinar, já não tem tantas apostas assim.

Amaral chegou ao posto de deputado por ironia do destino. Suplente nas eleições de 2014 quando o PMDB optou por uma chapa puro sangue, assumiu a titularidade em definitivo logo que Manoel Júnior abriu mão do mandato para se tornar vice-prefeito de João Pessoa.

André Amaral teve pouco mais de 6 mil votos, atuou no PMDB jovem e só. Não concluiu o curso superior. Mas até aí nenhum problema poque diploma, em tese, não mede capacidade. O problema é a pouca intimidade do parlamentar com a pasta em questão, o conhecimento inexpressivo, a falta de traquejo para lidar com a temática com a atenção que ela merece.

A indicação de André Amaral é só um espinho numa ferida exposta. A turbulência na pasta mostra que o governo está sem prumo. São 3 quedas de ministros em pouco mais de 1 ano e uma série de polêmicas e protestos da classe artística. Você deve lembrar. Logo que assumiu a presidência, Temer ensaiou acabar com o Ministério.

Hoje, sem recursos, o Minc não parece muito atrativo. O ex-ministro interino, João Batista de Andrade, chegou a dizer que o Ministério é inviável. Quando assumiu a bronca, precisou administrar um corte de 43% no orçamento. Disse até que há um descaso institucional e lembrou que o Fundo Nacional de Cultura, que já teve R$ 500 milhões na conta, hoje não dispõe de um centavo sequer, ou seja, o Ministério é uma bomba relógio.

A inexperiência de André Amaral, caso o nome dele se confirme, não deve aplacar a crise, tampouco trazer desenvolvimento à pasta quando não há investimento. Pode até representar crescimento meteórico para a carreira política do jovem paraibano, mas é bom lembrar: quando se vai com sede demais ao pote e, sem planejamento se dá um passo maior que as pernas, o tombo é inevitável.


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