quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Uma novela chamada eleição da Mesa Diretora do TJPB

Em tese os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem ser autônomos, porém harmônicos. Sendo assim, cada um passa por um processo eleitoral distinto. Mas em 2 deles, há um segundo processo de escolha interna, para eleger as mesas diretoras, ou seja, aqueles que vão administrar Câmaras, Assembleias, Tribunais... E esses processos nem sempre são pacíficos. Exemplo: em João Pessoa não houve santo que conseguisse construir um acordo entre as partes que brigam pela presidência da Câmara. No Tribunal de Justiça da Paraíba, acordo houve, mas não agradou a todos e o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal. Na última sexta-feira, inclusive o Ministro Teori Zavascki mandou suspender o resultado e fazer nova eleição.
Pra você entender o porquê desse atropelo. Presidente, Vice-presidente e Corregedor de Tribunais de Justiça são escolhidos entre os mais antigos, os chamados decanos, e desimpedidos. Só eles poderiam concorrer. É uma resolução que permite que todos, mais cedo ou mais tarde, cheguem à presidência do órgão. Mas aqui na Paraíba, mudaram o regimento interno do TJ e aí, e em novembro, entre os 9 candidatos inscritos, elegeram presidente o desembargador José Alves que não atende ao critério de antiguidade. Ele, o vice Leandro dos Santos e o corregedor José Aurélio tomariam posse em fevereiro.
Foi o desembargador Márcio Murilo, o mais antigo da corte, que procurou o Supremo. Alegou mudanças que estabeleceram a ampla concorrência e, em virtude disso, o conflito com normas acima do regimento da casa: a Loje, Lei de Organização e Divisão Judiciárias da Paraíba, e a Lomam, a Lei Orgânica da Magistratura.  Diante da decisão de Zavascki, o presidente do TJ, Marcos Cavalcanti, convocou nova eleição para esta quinta-feira, dessa vez entre os 3 desembargadores mais antigos. Eleição que corre o risco de nem acontecer. É que no fim da tarde desta quarta-feira o desembargador Fred Coutinho entrou com um Mandado de Segurança para impedir um novo pleito alegando irregularidades na convocação, entre elas, o prazo curto demais.
E aí a gente retorna ao início dessa conversa sobre autonomia. É que por debaixo dos panos, dizem que o Governador do Estado tem interesse particular no resultado desse processo e estaria tentando interferir para ter, na presidência do TJ, um aliado de peso. É a conversa que corre solta entre os opositores de Ricardo Coutinho. Se esse é caso, se o governador tentou viabilizar de alguma forma a vitória de José Alves, por exemplo, o esforço foi em vão. O TJ tem força para mudar regimento interno de acordo com os sabores da conveniência, mas não tem como peitar o STF.
Ao que parece, essa novela não acaba amanhã. Mais cedo ou mais tarde uma nova eleição vai ser feita, a depender, mais uma vez, do Supremo.



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